Acreana supera depressão após criar ONG para ajudar famílias em situação de risco em Rio Branco

Entre objetivos da ONG, criada por Karen Albuquerque, está o empoderamento feminino. Associação oferece cursos, oficinas, palestras e ajuda mulheres e adolescentes a ingressaram no mercado de trabalho.

Karen diz que sempre desejou criar ONG e que ajudar outras pessoas a ajudou a superar a depressão (Foto: Reprodução/Facebook)

Ajudar outras pessoas foi a forma que a empreendedora social Karen Albuquerque, de 38 anos, encontrou para enfrentar e superar a depressão.

A acreana decidiu criar uma associação e oferecer apoio, cursos, palestras e profissionalização para famílias em situação de vulnerabilidade em Rio Branco.

“Eu estava em um momento muito difícil da minha vida, com um índice de depressão altíssimo. A associação me tirou da depressão e me faz evoluir todo dia como pessoa e ser humano. Eu estava mau e encontrei uma amiga e ela me disse que ajudar outras pessoas iria me fazer bem”, lembra.

A ONG criada por Karen fica no Ramal da Zezé, no bairro Belo Jardim II, no Segundo Distrito da capital acreana, e atende os 17 bairros da regional. Porém, algumas pessoas de outros bairros acabam sendo direcionadas ao local para receber ajuda.

A mulher lembra que queria criar o espaço quando tivesse concluído a faculdade e também equilibrada emocionalmente. Mas, foi se doando a outras pessoas que ela encontrou inspiração para lutar contra a depressão.

“Fiz tudo ao contrário, fiz tudo no pior momento da minha vida. Ajudar outras pessoas me tirou da depressão. Quando estou ensinando, falando de regras, a importância de cuidar da autoimagem e direcionando essas pessoas, sinto que estou dando oportunidades à elas. Esse trabalho é muito importante”, destaca.

Associação oferece cursos, palestras e oficinas para ajudar mulheres a ingressar no mercado de trabalho (Foto: Reprodução/Facebook)

Empoderamento feminino

A associação trabalha com crianças e adolescentes, mas tem como um dos focos principais o empoderamento da mulher. Karen destaca que na maioria das vezes as mulheres são responsáveis por gerenciar a família e levar dinheiro para dentro de casa.

Por isso, trabalham fornecendo cursos profissionalizantes e oficinas para elas e cursos e atividades esportivas para os filhos. Em 2017, 720 pessoas, entre mulheres, crianças e adolescentes, foram atendidas pela ONG.

“A associação nasceu da necessidade de políticas públicas para a família, hoje o nosso foco é a família, mas as mulheres, crianças e adolescentes são o nosso público-alvo, pois a mulher é o arrimo da família. Hoje nem toda mulher tem um marido dentro de casa e, às vezes, até tendo um marido ela acaba tendo que levar o subsídio. O que queremos é dar a elas a oportunidade para serem independentes e manter a família”, explica.

ONG também atende crianças e adolescentes em situação de risco (Foto: Reprodução/Facebook)

Oficinas e parcerias

Entre os cursos oferecidos no local estão projetos como "Entre Linhas e agulhas – Costurando Sonhos", o projeto de música "A Voz da Liberdade Ecoando", que ensina os alunos a tocarem instrumentos clássicos como o violino e violoncelo.

Há ainda a atividade esportivas Esporte e Lazer – Igualdade para Todos em parceria com a Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas (Vepma).

A ONG também possui um banco de dados com informações dos participantes para que possam fazer indicações para o mercado de trabalho.

“Procuramos empoderar essas pessoas que atendemos, procuramos capacitar e fazer a indicação. Às vezes, tudo que essas pessoas querem é uma oportunidade e dar isso à elas é o nosso trabalho”, destaca.

A empreendedora social destaca que possuem muitos parceiros como o Instituto Dom Moacir, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial no Acre (Senac), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e até com a Secretaria Municipal de Mulheres.

“Essa vontade [de criar a ONG] foi uma coisa muito latente dentro de mim. Na assistência social você trabalha o público de vulnerabilidade social que está no meio da mazela, onde o governo não consegue chegar. Então, não é apenas a mulher, é a família. Através disso fomos afunilando, nos encaixando e chegamos ao público-alvo de mulheres, crianças e adolescentes”, relata

A associação é reconhecida como utilidade pública e possui inscrição Conselho Municipal de Assistência Social e no Conselho Estadual da Criança e do Adolescente de Rio Branco, no qual Karen é conselheira. A mulher também é secretária executiva do Fórum Estadual da Criança e do Adolescente.

Comunidade recebe palestras, cursos, oficinas e também atividades esportivas (Foto: Reprodução/Facebook)

Vaquinha online

Apesar dos parceiros, o local onde funciona a associação é alugado. Por isso, Karen e os outros voluntários decidiram criar uma “vaquinha” online e querem arrecadar R$ 300 mil para comprar um espaço próprio. Ela afirma que vão prestar contas de todo o valor arrecadado ao Judiciário e Ministério Público do Acre (MP-AC).

A ONG vive de doações e todos que trabalham no local são voluntários. Além da falta de espaço próprio, a associação também não possui transporte e todo serviço externo precisa ser feito de ônibus.

“Na assistência social temos de atender o público que precisa, você não pode rejeitar, não é assim, é fazer o bem sem olhar a quem. Temos várias parcerias que conseguimos com muita luta, mas ainda falta muita coisa. Fazemos tudo tirando dinheiro do bolso, mas vale a pena ajudar as pessoas”, finaliza.

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